A primeira palavra que me veio à mente foi absurdo. E tantas outras expressões referentes à indignação que eu estava (e estou sentindo) foram surgindo na minha mente. Confesso que só entendi minha desilusão com a sociedade quando eu vi com meus próprios olhos as imagens de pichações nos muros da UFRGS.
Há vários pontos para serem abordados. Começamos pelo mais abrangente e o que considero o estopim para tudo isso: as cotas raciais.Já falei que acho um equívoco falar em cotas raciais. O nome em si já é um preconceito pois faz alusão a uma outra raça pensante diferenciada da única que se tem notícia no mundo: a raça humana. Raça é só uma. O que nos diferencia é a nossa etnia. E etnia não é fator para ser colocado em cotas. Ninguém deve ser desmerecido ou favorecido em razão de seu nicho antropológico, dos laços sociais que apresenta, enfim, de sua cultura. Respeitar as diferenças dos outros e compreender as várias comunidades no mundo. E as cotas não se prezam a isso. Prezam-se a calar ou colocar uma peneira sobre um problema social que é a falta de acesso de uma certa camada social ao ensino superior.
Segundo ponto: o preconceito
Sim, existe sim preconceito no Brasil e isso eu não nego. Existem preconceitos contra negros, contra mulheres, contra gordos, contra índios, contra imigrantes, interioranos (os tachados de colonos ignorantes), e contra acima de tudo POBRES. E acredito que o resultado do preconceito que existe com os negros seja porque a grande maioria dos menos favorecidos no Brasil sejam negros. Os que moram na periferia e que estão lá por um determinante histórico: porque descendem diretamente dos que sempre foram serviçais e nunca ultrapassaram o limite que lhes foi imposto na hierarquia social. Mas junto com eles há os filhos de pobres agricultores de cidadezinhas do interior que são obrigados a largar o estudo e ajudar no sustento da família, há tantos outros cidadãos nesse país que não possuem uma vida digna, independente da cor.
Terceiro ponto: vivemos num sistema econômico que não nos favorece em nada. O capitalismo é um sistema falido (desemprego, fome, etc) que em breve terá seus dias contados. Porém, diariamente ele é ressuscitado por neoliberais que justificam a situação pela maldita mão invisível do mercado. Entre outras palavras, só é pobre quem quer. Uma bobagem, por isso defendo que os ensinamentos de Marx não devem ser enterrados nem vistos como um capítulo histórico e sim como algo que pode nos ajudar a derrubar a barreira econômica fomos impostos.
Quarto ponto: Esses imbecis, outra palavra não me veio, mas é o que eles realmente são, se aproveitam de um momento delicado na discussão social do país para fazer apologia a ideais tão estúpidos quanto eles. Eles não passam de um bando de mauricinhos idiotas sem um pingo de consciência. E que ficam se vangloriando tanto por serem estudantes da UFRGS e não sabem o que significa o meio acadêmico. Simplesmente, eles ignoraram a instituição, se aproveitaram desse momento para apresentar falsos diagnósticos: quem é contra as cotas é fascista. ABSURDO, IGNORÂNCIA. Defendam a cota social, mas acima de tudo, a reformulação no estudo brasileiro pois podemos sim ter ensino de escolas públicas tão bom quanto de particulares. Acredito que inteligência e parecer crítico não há dinheiro que compre. Apenas pode comprar a possibilidade de obter maior conhecimento. Mas e se a pessoa não saber usar?
Além de tudo, que gente que não dá valor ao patrimônio público, àquilo que é de TODOS. E depois dizem que estão querendo tirar algo deles?
Bolha. Bolha. Bolha doente. Bolha Brasil.
quinta-feira, 28 de junho de 2007
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2 comentários:
Bem, isso tudo, tem mais a ver com história, do que com raça. O memento exato em que as duas se ligam.
O caso da pixação na UFRGS, é mais uma mostra da ignorância em estado terminal. A doença mais abrangente no país, e talvez no mundo.
Para uma pessoa escrever isso, ela tem de chegar ao mais alto índice do que se chama NÃO PENSAR. Essa atitude prejudica a todos, até ao ideal do próprio pixador, posto para baixo.
As cotas têm muita chance de serem efetivadas depois desse ato de bandidagem.
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