segunda-feira, 9 de julho de 2007

Última questão sobre as cotas

A questão das cotas raciais e sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul já deu muito pano para a manga. Talvez, daqui a um tempo, na chegada do próximo vestibular, as acirradas discussões voltem à tona. Minha posição, no princípio, era completamente contra, com exceção das cotas sociais. Porém, depois de tantos comentários e debates com várias pessoas, de diferentes níveis sociais, culturais e intelectuais acabei reformulando meu pensamento.

Talvez, meu pensamento tenha mudado (essa não seria a palavra, mas digamos que ele ‘desceu do muro’) depois que eu ouvi uma entrevista com o senador e ex-candidato à Presidência da República Cristóvão Buarque. Aqui não cabe transcrever suas palavras mas quem se interessar sugiro que pesquise mais a respeito desse político que admiro muito. Tanto pela coragem e por sua singular sensibilidade em relação à questão mais doente do país que é a Educação.

Hoje, comemoro o resultado favorável à instalação das cotas na UFRGS. Mesmo não sendo uma acadêmica da universidade, espero um dia, sim, possa fazer parte de um círculo de alunos que se interessam por questões políticas e sociais.

Cotas: Talvez porque isso mexeria a estabilidade da maioria: lá conviviam os (estereotipados)‘socialistas’ pró-cotas, os apolíticos porque já estavam na universidade e nada tinham a perder ou ganhar e, finalmente, os conservadores anticotas.
O que mais me chamou a atenção foi que a maioria dos estudantes contra as cotas eram de curso pré-classificados como elitistas. Medicina era o que mais reunia adeptos. Sim, é muito difícil entrar num curso como esse mas é mais difícil ainda se você sempre estudou numa escola pública e não teve acesso a um cursinho de qualidade.

Sim, a favor das cotas, mesmo achando que as cotas sociais gerarão preconceitos, as sociais, idem. Estudantes com cotas (ou bolsa) sempre são vistos com outros olhos (experiência própria). Acredito que seja pensamento de mentes provincianas que nada tenham para mudar a situação social brasileira. Estudantes que ganham uma bolsa ou entram numa universidade por cotas sentem-se mais valorizados e integrados na sociedade e fazem por merecer o que possuem, diferente de quem acha que pode tudo.

Em algum blog li algo que me chamou a atenção que ser contra as cotas é pensamento de quem sempre esteve acomodado e que quer continuar com sua posição superior. Faço dessas as minhas palavras. Enquanto o ensino público não for tão bom quanto o ensino particular, essas medidas são mais que necessárias.
Aliás, se você passou a maior parte de sua vida estudando em escola particular porque você que ir para uma universidade pública? (o estacionamento de Medina na UFRGS não possui carros ditos populares). Sim, isso foi uma ironia; já convivi com diversos tipos de gente e ouvi comentários do tipo: ‘Se eu passar na UFRGS meu pai me dá um carro/apartamento, etc’. Ouve-se muito isso com o pessoal do interior, que quer passar na federal para conquistar esses ‘mimos’.
OK. Pensamento cômodo.
Mas acredito que o fato de você ter dinheiro, não fará de você uma pessoa melhor e nem o fato de você não ter tido condições uma pessoa ‘coitadinha’. Sobre o último, não saberia falar muito sobre isso. Mas sobre o primeiro caso, ah, esse eu entendo. Olhe a Famecos. A maioria das pessoas que estão lá são verdadeiros ‘filhinhos de papai’. O nível da ó Faculdade de Comunicação da PUC está decaindo muito. Não em questões técnicas, não! Mas em alunos. Mentes em ebulição. Certo, mas em quê? Naquele pensamento manipulado? Faça o que os outros querem? Sim, seu caminho para o sucesso. Antes, as pessoas não pensavam por medo, agora, por qual motivo? Falta de vontade? Ah vide Famecos mais uma vez.

O que mais me deixa irritada é que eu estudo numa universidade particular que não tem essa ‘diversidade’ que uma federal pode ter. Alunos da PUC não vão na frente da Reitoria nem sequer para ver a bandeira ser erguida na semana da pátria. Alunos da PUC não fazem nada para reclamar das mensalidades, só comentam em aglomerados grupinhos de metidos querendo se passar por blasé deixando como único legado a sujeira dos restos de cigarro pelo saguão da, mais uma vez, Famecos. Sim, nós somos os jovens que mudarão esse mundo. Mas mudança é uma palavra esquecida por todos nesse mundo da pós-modernidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ouvi esses dias na Famecos o comentário para uma amiga do 3 semestre:
"Bah tu é da velha guarda da famecos"

Não sei como é na fabico, mas os jovens, nos, que devemos mudar o mundo, estão cada vez mais raros em todos lugares.
Não sei o que leva uma pessoa a achar q o mundo ta bom, e que viver minha vida num jornalzinho e ser amigo dos "grandes", que não preciso mais nada.
Ah para né. Em que lugar tu quer viver? Nesse Brasil de agora?

Disse uma vez o Arnaldo Batista que a nossa geração ficou com as sobras da de 60. E que basta nos lutar para continuar com o que ele fizeram.
So que cada vez ta mais dificil.

Mas ainda bem que conhecemos pessoas que estão prontas para ir atras de melhorias e de, muitas vezes, justiça.

Ricardo

Anônimo disse...

Eu não tinha lido isso, antes de comentar sobre o teu post do acidente de avião.
Concordo com o que tu falaste sobre as cotas. Já quase briguei com um amigo que faz jornalismo na ufrgs numa discução sobre isso.
Não é pra ti que falo aquilo mas pra maioria dos blogs que eu li sobre aquele assunto!