quarta-feira, 23 de abril de 2008

Começar por onde? Por nós.

"Eu tenho quase a idade da mãe de vocês e estou com todo esse ânimo porque acredito que se pode ainda mudar o mundo. Agora, eu olho pra vocês, com essa cara e ..."

comentário da professora Ana Cláudia Nascimento na aula de Ética em Jornalismo, hoje pela manhã.

Ela tem razão. Não sei que assunto originou a frase acima ou se foi apenas de uma observação de: "okay, segundo dia depois do feriado uma turma inteira está sem vontade nem pra dizer 'presente'". Se foi, não foi só isso. Um mês de Isabella Nardoni na mídia, MST invadindo órgãos públicos (porque eles são realmente o único movimento unido e que tem força em TODOS os estados brasileiros?), 30 de abril é o prazo para definições partidárias e a imprensa não está comentando uma linha e etc estavam sendo discutidos. Eu estava morrendo de dor de cabeça, mas, confesso, não era apenas uma dor. Meus óculos não estão mais sendo suficientes e meu esgotamento mental não foi recuperado com o feriado. Posso afirmar com muita certeza que essa aula (uma das melhores do 4º semestre da Famecos) entra e sai com a mesma intensidade na cabeça de algumas pessoas. "Ética e Imprensa" do Eugênio Bucci está fazendo efeito quando ele me fez pensar sobre vestir a camisa da profissão e não da empresa. Diferente da prática, em que jornalistas concordam com a atuação da imprensa em certos casos (pense no caso Isabella) , os mesmos voltam para a redação e fazem o que seus editores mandam. Eu faria? Estou seriamente numa crise existencial e nem mais tenho resposta para simples questões da vida. Ok. Eu não faria. Eu perco meu emprego. Mas eu preciso comer, me vestir... e aí? Vamos encarar?
Uma das frases mais lindas do livro que diz que o jornalismo foi forjado pelo século das luzes como exercício da cidadania. Foi. E ainda é? Tem que ser. O jornalismo é responsável pelo debate público. E até quem jamais pensou em vestir a camisa da profissão mudaria de opinião ao conversar alguns minutos com o o professor Leonam (como bem lembrou a profª Ana).
Para voltar a minha indagação principal quando destaquei a frase da aula, penso que eu também faço parte do 'vocês' a quem ela se refere. Realmente, eu entrei na faculdade achando que eu podia mudar o mundo. Hoje penso que eu posso mudar o mundo de outras formas. Mas não perdi as esperanças. Tem gente que já entregou as armas há muito tempo. Conformismo. Talvez.
E quanto ao meu desafeto com o Pierre Bourdieu, nada a declarar. Preciso de um post só pra falar dele, do Adorno e disso que me 'incomoda'.
(tem muitas aspas nesse texto).
Acontece que se seria mesmo o conhecimento o bem mais importante e escasso atualmente (desafeto com o Bourdieu está aqui) isso não se aplica ao terceiro mundo. Tá, Brasil. Enfim, isso é um próximo post, também.

E, realmente, hoje foi um dia tão bom porque é maravilhoso descobrir pessoas inteligentes do teu lado, o mundo ainda tem chance, basta começar a fazer algo. Ontem eu resolvi deixar de dizer tudo bem pra todos e tudo e contribuir para a minha saúde física e mental. Resolvi colocar em prática a tática do foda-se e gastar 10 reais em besteiras no bar do Antônio (pra quem nem come direito...). Falei alto com o motorista do D43 que quase me prensou na porta porque não teve a paciência de me esperar e chamei a atenção de um cara que tacou o resto do seu cigarro em cima dos meus pés. Tinha lixeira do lado, pô!

Enfim, to no caminho.

Vou trabalhar que a vida não é só ficar aqui desabafando porque acho que só os bits me entendem. Marx adoraria saber que eu vou lá oferecer minha mão de obra e produzir (fui irônica, hehe).

11 comentários:

Eliane! disse...

voltarei a usar destarte. deixarei de lado o enfim. procurarei ter um texto mais limpo (leia-se sem devaneios e aspas).

mentira.
mas o destarte sim.

Amanda S. disse...

Que que tu tem contra o enfim? ¬¬'

Já leio o texto, antes de mais nada, gostaria de dizer que as aulas da Ana Cláudia me enchem de esperança em um mundo melhor :)

=*

Anônimo disse...

Eu adorava as aulas da Ana Cláudia, embora ficasse muito chateada ao perceber as idéias de alguns colegas. Eles acham que não é possível fazer um bom jornalismo e ganhar um salário razoável. Falavam em entrar nas "regras do mercado" ou comer pão com mortadela. Tenho pena deles e sim, sonho em mudar o mundo! Por mais utópico que seja, acredito que em qualquer profissão é possível se "doar" um pouquinho pelos outros. Gostei muito do texto! Um beijo!

Anônimo disse...

Relaxa, querida...
1- Mudar o mundo, nenhum de nós vai conseguir, mas se conseguirmos mudar algumas pessoas, já será um troféu.
2- Esgotamento mental só prejudica. Passei por isso um mês atrás. Aplique a teoria do foda-se e tu verás que vais te estressar bem menos e as coisas vão melhorar.
3- tu é uma guria muito inteligente. Eu, que odeio as partes teóricas, não saberia citar tantos autores assim no mesmo texto.

Samir Oliveira disse...

Ótimo post! Nossa, poderia levantar muitas questões do que tu escreveste. As aulas da Ana Cláudia são, realmente, um paradoxo. Me faziam ver o enorme vácuo que há entre o que está no papel e o que se faz (nada muito surpreendente, tratando-se do Brasil).

Boa sorte nessa tua empreitada para "melhorar" o mundo. Pequenos atos já fazem a diferença. Eu, particularmente, sou apaixonado pela campanha do "Free Hugs". Pena que minha inibição não me permite sair por aí distribuíndo abraços ehehe que palhaço =P

Luana Duarte Fuentefria disse...

Bah, aulas da Ana Cláudia são tudo para gente como a gente. Eu também largaria meu emprego por um ideal e comeria o, tão discutido no semestre passado, pão com mortadela (metaforicamente, porque sou vegetariana).

E vai pra tacla foda-se, mas com moderação. Não queremos que foda-se o mundo, né...

Patrícia disse...

Fico extremamente feliz em saber que não sou a única que penso desta forma.
Parabéns pelo post. Esta foi a minha primeira de muitas visitas ao teu blog.

Ah...e se precisar de uma mão nesta coisa de melhorar o mundo, é só chamar.

Anônimo disse...

Anos 2000

Anônimo disse...

Anos 2000

ricardo ara disse...

Anos 2000

Tássia Porto disse...

eu perdi a pretensão de mudar o mundo, mas ainda faço a minha parte :)