segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Esqueçam a música

Há tempos eu não dedicava a meu domingo um pesseio pela Redenção para tomar um chima. Aproveitando que ontem alguns shows bacanas aconteceriam em razão do encerramento da Semana da Juventude (promoção da Secretaria Municipal da Juventude), e entre eles estava Locomotores, uma banda beeeem bacana que conta com integrantes ilustres do cenário musical porto-alegrense como o Bocudo (ex- Cachorro Grande) e Márcio Petracco. Antes que o céu desse os primeiros sinais de que viria chuva, uma quantidade enorme de adolescentes quase iguais esteticamente se reuniam em grupinhos. Roupas pretas, com listras, maquiagem preta borrada e etc, tudo para montar o estereótipo Emo. Claro, a terceira banda a se apresentar era uma das mais bem sucedidas do cenário emocore da cidade que alcançou grande projeção no Brasil através da MTV, a Fresno. Otto Gomes, Locomotores, Fresno e Acústicos e Valvulados era a ordem dos shows. Infelizmente, não era para curtir a música, para mostrar que a juventude é uniade e pode, com essa união, fazer protesto (familiares da Cristiana Cupini, morta em um assalto a banco na Assis Brasil, estavam lá recolhendo assinaturas para um abaixo-assinado pedindo que um projeto que determina horários de circulação de carros-forte vire lei). Aqueles gritos de justiça, aquela empolgação geral, mesmo com chuva, pareciam sinais de que a juventude (resumida numa maioria esmagadora a adolescentes com faixa etária de 16 anos) estava mesmo interessada em utilizar a música como protesto.

Bobagem!
Talvez nem a Secretaria pensa nisso. Aquilo era apenas uma obrigação política. Uma data no calendário da Secretaria.
Jovens não utilizam mais a música para alguma coisa, vide bobagens que aturamos diariamente na já mencionada MTV.

O que me fez chegar nessa opinião?
Oras! Gritos absurdos no show da Fresno fizeram-me crer realmente que as meninas que estavam lá sonhavam em pegar o vocalista e os meninos em utilizar as letras melodramáticas e com o mesmo conteúdo sempre em algo favorável a eles. Os meninos ultimamente estão mais emotivos. Emo.
Nada contra esse tipo de som que ultrapassou o limite musical e se tornou estilo de vida.
Todos gritavam ao final de qualquer mensagem profética a lá Paulo Coelho do Lucas (o vocalista): o não desistir deles não era o não desitir que outrora meus ídolos proclamavam. O dessa geração era: "ok, não desita se você levou um pé na bunda". ôoo saco!


Resultado: fim do show uma garota quebrou a clavícula e foi levada ao HPS. No microfone tentavam localizar amigos. Uma mãe desesperada procurava sua filha de apenas 12 anos. Sem contar outros anônimos machucados, perdidos. Mas o mais absurdo era a quaantidade de meninos e mensinas com 14, 15, no máximo 16 anos, fumando (maconha na minha frente) e bebendo.

Felizmente, Acústicos e Valvulados, banda que eu adoro, fechou a noite com chave de ouro. Era a apresentação do show acústico gravado no Theatro São Pedro.
Show mais calmo e comportado, assim como Locomotores e Otto Gomes. Bem diferente do que o da Fresno.

Rafael Malenotti, nos últimos instantes do show tocou a clássica música 'Sob um céu de blues', eternizada pelos Cascaveletes no voz do GRANDE Júpiter Maçã.

Não tem explicação. Eu, que amo o Júpiter e a música, fechei meus olhos esqueci a chuva e curti do jeito que eu sei curtir algo sem atrapalhar o espaço e a individualidade do outro (e outros ao meu lado).
Mas a música termina e não muito longe dali um garoto tentava manter em pé seu amigo que caiu assim que não encontrou mais suporto. Caiu e não vi ele se levantar.


A nova geração de jovens não vai mudar. Se queremos utilizar força ou a música (que a não ser para velhos saudosistas e amantes dos clássicos não serve para mais nada que não seja fins comerciais) devemos fazer por nós mesmos. Nós que ainda temos consciência de alguma coisa. Por mais mínima que for.

Enquanto os ídolos clássicos forem substituídos por imagens superficiais de beleza sem conteúdo, o futuro está perdido.
A música era a expressão de cultura mais forte que tinha no Brasil. O que os 'irmãos mais novos' da geração Renato Russo, filhos da geração Beatles, Mutantes, Caetano, estão ouvindo?

5 comentários:

Com Gás - 500ml de Conteúdo disse...

O problema é que a minoria que pensa e escuta boas músicas de protesto, não protesta! Seja por acomodação ou desesperança.

Quanto a esmagadora maioria, que ouve Fresno e coisas bem piores, fazer o que? Isso entra em questões sociais fortes, pois nossa geração é filha dos filhos da ditadura, a classe média, em suma, não tem livros em casa, nem teve. Ela vê novelas globais mesmo tendo televisão a cabo.

Talvez um dia. Há de se ter esperança!



Bruno

tf disse...

eu tenho ouvido racionas. tenho dois discos do júpiter, se quizer emprestado. saudadess

Eliane! disse...

Só pra comentar que eu amo o Júpiter!

Elis Martini disse...

Oi Eliane, tudo bem?

Só agora vi seu recado lá no meu blog! Realmente é foda criar uma expectativa para o show como o do White Stripes e no fim não acontecer, mas eu ainda tenho alguma esperança... hehehe

Muito legal teu blog, também! Adoro o Jupiter, hehehe..

beijo!

Anônimo disse...

Valeu aí pelo "beeem legal"!
Grande abraço e seguimos em frente.
Marcio Petracco (em nome dos Locomotores).